Como grudar no celular sem medo de explosões e com uma bateria mais potente
Mumbai
Ahmedabad
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| Foto: Unplash / Divulgação |
“Celular explode e queima nádegas de comerciante”.
“Celular explode e mata jovem”. “Celular explode e queima orelha de dona de
casa”. Manchetes como essas já não são raridade em jornais e sites e conseguem
mexer com a tranquilidade de toda uma população.
Cada vez mais finos e multitarefas, os celulares não saem
das mãos da maioria das pessoas na maior parte das 24 horas. Se, no princípio,
eles tinham como única função a de realizar ligações, hoje a realidade deixa o
alerta ainda maior para os riscos que grudar neles pode causar, já que o
aparelho funciona, para muitos, quase como uma segunda pele: para trabalhar,
para estudar, para o lazer... Estar a um touch de distância hoje é símbolo de
existência.
Mas, afinal, o que é mito e o que verdade em relação aos
riscos que o aparelho pode causar à saúde humana? Apesar de muitos boatos, como a história de
um jovem que perdeu o maxilar ao explodir uma bomba perto da boca por conta de
uma traição – e que teve o caso divulgado como sendo consequência da explosão de
um celular – outros episódios, como o da Samsung com o Galaxy Note 7, por
exemplo, mostram como uma falha de design e fabricação podem terminar em
problemas reais. O aparelho, que causou diversos ferimentos através de
explosões, chegou a receber um recall global e até companhias aéreas impediram
a entrada dos dispositivos em suas aeronaves.
“Pode explodir sim. Depende da marca e do design, mas
também de cuidados que o próprio usuário vem a ter”, afirma o engenheiro
eletrônico Marcus Assis. O CORREIO conversou com Assis e outros técnicos para
esclarecer sobre o que pode ocasionar explosões de aparelhos e danifica a
bateria.
Em geral, a causa dos acidentes envolvendo o pipoco de
aparelhos está no aquecimento excessivo da bateria, que é preparada para agüentar
até cerca de 135 ºC – acima dessa temperatura, o clima começa a esquentar
dentro do aparelho.
O perigo ocorre porque as baterias são feitas a partir de
uma composição química que conta, principalmente, com um produto chamado lítio.
Caso esse produto ‘saia do seu lugar’ e se misture com outros, a diferenciação
dos componentes químicos ocorrem, gerando assim, uma possível explosão. Por
isso, caso a bateria esteja aquecida ou violada de qualquer maneira, o risco é
existente. Em contato com o ar, esse material entra em combustão. É aí que a
explosão rola de fato. A combustão do lítio pode elevar a temperatura a 800 ºC,
provocando chamas e causando queimaduras.
Mas não é somente vinculado a explosões que os celulares
aparecem causando temores. Até o câncer está em pauta. Afinal, seriam os
aparelhos móveis uma das causas da doença? Para responder essas e outras
perguntas, o CORREIO conversou com especialistas de diversas áreas e ainda
trouxe dicas sobre como deixar a sua bateria mais potente.
Para evitar essas pequenas (ou grandes) tragédias,
confira as dicas dadas pelos especialistas que conversaram com o CORREIO:
1.
Use baterias e carregadores originais
Somente os carregadores autorizados pelo fabricante do
seu aparelho possuem a certificação necessária por quem desenvolve o produto
para funcionar corretamente. Outros produtos podem gerar falhas que causem
furos, pequenos ou grandes cortes e outros problemas que geram a saída ou
mistura dos componentes químicos da bateria, ainda que, inicialmente, o aparelho
pareça carregar de maneira normal com o carregador ‘pirata’.
A dica, inclusive, é fundamental para que a vida útil de
qualquer bateria seja mantida, já que, naturalmente, todas as baterias vão
perdendo a sua força maior ao longo do tempo – e com carregadores falsificados,
isso tende a ser acelerado.
Além disso, caso você venha a ter algum problema devido a
falhas técnicas, o uso somente de produtos originais e licenciados pelo
fabricante lhe dá a possibilidade de reivindicar os seus direitos de consumidor.
2.
Não carregue no computador
Carregar os aparelhos apenas pelo cabo USB causa uma
falta de proteção para além de 50%, já que o principal protetor dos
carregadores originais fica na parte da tomada, que é, em geral, encaixada nos
respectivos cabos. Assim, mesmo com um carregador original, a partir do momento
em que somente o cabo está sendo utilizado, o risco de uma explosão passa a
existir com muito mais facilidade.
Para além do tópico, os computadores, sejam notebooks ou
não, tendem a obter uma descarga atmosférica muito maior do que ocorre nos
celulares. Assim, a falta de proteção que ocorre quando somente o USB é
utilizado, em soma com tais descargas, podem gerar um impacto no aparelho que
ocasione em um curto.
Assim como nos computadores, também é recomendável evitar
carregar os aparelhos em carros, já que o carregador veicular fica bem próximo
ao motor do carro. E como o grande vilão das baterias é o calor, isso prejudica
a capacidade de retenção no celular. O cenário pode ser ainda mais perigoso
porque mais componentes podem estar funcionando ao mesmo tempo, incluindo
faróis, limpadores e ar-condicionado, causando uma sobrecarga. Se ainda assim
você precisar usar o carregador veicular (ou a porta USB do rádio), saiba que o
carregamento pode não ser muito satisfatório, já que a corrente elétrica é
bastante baixa.
3.
Não deixe o aparelho exposto muito tempo ao sol
A praia é um dos ambientes mais perigosos para a saúde de
uma bateria. É preciso deixá-lo na sombra para evitar o superaquecimento e bem
longe da água, maresia e areia. Qualquer rachadura na carcaça (por mais pequena
que seja) pode ser o suficiente para que um destes elementos entrem em contato
com o circuito interno, causando um curto- circuito no aparelho.%u2028%u2028
Outra dica é também não deixar celular em cima de cama ou
sofá, porque se pegar fogo, o aparelho não vai causar incêndio.
4.
Evite umidade
Outro cuidado a ser tomado é o de não deixar seu celular
exposto à umidade do banheiro e cozinha, pois o vapor d’água causa oxidação e
pode ser danoso à bateria de lítio.
5.
Evite quedas e não sente em cima do telefone
Caso a bateria seja violada (com um furo, um corte ou o
que quer que seja), o risco dos componentes químicos serem misturados e gerarem
uma explosão ganha lugar. Com a queda, além dos furos, pode ocorrer, ainda, uma
falha no faiscador, um item de segurança no celular que serve de filtro,
separando os pólos positivo e negativo da bateria. A entrada de pó, a umidade,
o calor e defeitos de fabricação podem romper o faiscador, fazendo a bateria
entrar em curto-circuito.
O curto-circuito gera uma faísca – e essa faísca gera
calor. Como a bateria do celular é bem compacta e o aparelho não tem nenhum
tipo de ventilador, o calor fica preso e o celular se torna uma pequena panela
de pressão. Se a alta temperatura conseguir amolecer o invólucro da bateria,
que é feito de plástico, ele pode se romper.
Por isso, é fundamental que, após qualquer queda, o
celular seja verificado por dentro e, de preferência, a depender do impacto,
que seja levado na assistência técnica.
6.
Fique atento ao levar na assistência
Apesar de levar o celular na assistência ser um tópico de
zelo, esse próprio ato requer cuidado redobrado. É necessário saber, por
exemplo, se o local utiliza apenas peças originais. Ao buscar o aparelho após
um conserto, abra o produto e verifique, ainda, se o celular voltou com algo
diferente em suas peças, para que possa logo ser revisto.
MITOS
E VERDADES:
7.
Tirar ao carregar 100%?
Os aparelhos produzidos a partir de 2017 não precisam
necessariamente ser removidos da tomada assim que a carga da bateria estiver
completa para evitar sobrecargas. Isso acontecia com as baterias mais antigas
que utilizavam o níquel em sua composição (NiCd e Ni-MH), mas não com as de
Li-Ion.
Os carregadores originais dos aparelhos possuem
tecnologia inteligente que cessa o envio de energia assim que as baterias estão
completamente carregadas, justamente para evitar problemas com sobrecarga.
Assim, as baterias de Li-Ion, mais utilizadas nos aparelhos eletrônicos da
atualidade, não correm, atualmente, o risco de ficarem “viciadas”.
Caso o seu aparelho seja antigo, porém, o ideal é que não
arrisque e retire-o do carregador logo ao completar 100%, já que o superaquecimento
pode ocorrer.
8.
Celular causa câncer?
Não. Um estudo feito em 2005 na Unicamp concretizou que o
nível de radiação dos aparelhos não provoca anomalias no DNA humano. Para
trazer danos às células humanas a radiação não ionizante, empregada em
celulares, precisaria ser dez vezes superior ao limite permitido.
O físico Adelson de Brito, porém, afirma que estudos
ainda se dividem sobre o assunto e, quanto maior for a magnitude da internet e
maior for o uso diário do aparelho, os riscos não deixam de ser existentes. “Um
celular com 4G tem uma carga de radiação muito maior do que um com 3G. Daqui
pra frente piora. Então o ideal é que haja um cuidado, porque pode colaborar
para outras doenças. Mas isso de dormir com o celular do lado causar câncer, não
procede: o aparelho travado não emite radiação de tal maneira”, pondera.
9.
Celular pode explodir posto de gasolina?
Não. Um celular não tem voltagem suficiente para causar
uma explosão em um posto de gasolina. Dos 243 incêndios ocorridos em postos nos
últimos 11 anos, nenhum foi provocado por um aparelho celular. Um aparelho em
uso – principalmente caso esteja sendo carregado dentro do veículo – pode,
porém, colaborar com a amplitude de uma explosão caso ocorra algo dentro do
próprio posto que iria gerar, de qualquer forma, o incêndio.
10.
Celular derruba avião?
Não. É possível que as ondas do aparelho interferiram no
funcionamento dos sistemas eletrônicos do avião através de uma interferência
eletromagnética. A partir disso é que surge a recomendação de desligar os
celulares em um voo. Essa interferência, porém, não é suficiente para derrubar
uma aeronave ou causar um incêndio na mesma.
POR
QUE IPHONES CORREM MENOS RISCOS DE EXPLOSÕES?
Gabriel Conceição*, técnico da iTwon, explica que as
baterias do iphones contêm uma proteção para que o lítio não consiga escapar.
Assim, o que acaba ocorrendo é um inchaço na bateria (ao invés de uma
explosão), caso o lítio saia do seu devido lugar nos celulares da Apple.
O iphone ainda traz recursos de alerta, como avisos de
superaquecimento ao estar exposto por muito tempo ao sol, bem como com
congelamentos de tela para quando algum tipo de vírus tenta invadir o aparelho.
Nesses casos, o ideal é deixar o celular em uma temperatura mais baixa, assim
como é possível resetar o aparelho (pressionando, simultaneamente, o botão de
trava e no botão circular que inicia o celular) caso ele trave como forma de
emitir um aviso.
*O nome do técnico foi modificado por uma escolha da
fonte.
Texto de Vanessa Brunt com orientação da editora Ana
Cristina Pereira.
Fonte:
Vanessa Brunt do Correio*
Via
Rede Nordeste
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Tecnologia
