De olho na saúde fiscal, Governo do Estado sinaliza prioridades
Mumbai
Ahmedabad
Apenas
o secretário da Segurança Pública não esteve na reunião de sexta. - Foto: Helene Santos
Após um ano marcado por ajuste
fiscal e "aperto no cinto", o Governo sinaliza que pretende abrir, comedidamente,
o caixa do Estado para reforçar investimentos em áreas importantes em 2020, ano
de eleições municipais. Para projetar esse novo momento, o governador Camilo
Santana (PT) reúne, desde desta sexta-feira (6), no Palácio da Abolição, o
secretariado da gestão para fazer um balanço deste ano e planejar ações para
2020.
No encontro, que se estende
pela manhã deste sábado (7), foram estabelecidas as áreas prioritárias para o
próximo ano. "Reunimos os gestores para projetarmos quais serão as
prioridades do Governo do Estado no ano que vem. O que está em jogo é a
população cearense. Por isso, nossa meta é sempre trabalhar para aprimorar as
políticas públicas e melhorar a qualidade de vida dos cearenses", afirmou
Camilo ao abrir a reunião.
Saúde, Educação e a Segurança
Pública continuam sendo prioridades. Além disso, a área de Recursos Hídricos
deve ganhar investimentos, como forma de enfrentar a crise hídrica, destaca o
secretário da Casa Civil, Élcio Batista.
"Nós estamos em processo
final de aprovação de um empréstimo para esta área. Será investimento para dois
projetos: Dessalinização e o 'Malha d'Água', que vai fazer com que a gente
consiga diminuir a dependência de carro-pipa", explica o secretário.
Na Educação, além da previsão
da construção de novas escolas, tanto de tempo integral como
profissionalizantes, há a expectativa do crescimento da relação entre a
Secretaria Estadual de Educação com as pastas de Economia e Ciência e
Tecnologia, como parte do Programa Ceará Veloz, lançado pelo Governo no fim de
novembro.
A valorização dos
profissionais de Segurança Pública também deve ser central nas ações para a
área em 2020. "Em breve, o governador vai fazer anúncios com relação à
valorização profissional. Ao mesmo tempo, queremos avançar na implantação de
mais ações baseadas na tecnologia e no reforço nos territórios da presença
policial", garante Batista. A declaração veio um dia após protesto de
policiais e bombeiros militares na Assembleia Legislativa por aumento salarial.
Saúde
Após um ano marcado por
modificações estruturais na área, com a chegada do secretário Dr. Cabeto, a
Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) deve engatar a segunda marcha na
implementação da Plataforma de Modernização do setor. "Nós passamos o ano
estruturando o planejamento para que, a partir de agora, a gente comece a ver
ações mais efetivas com menor custo, para disponibilizar a quem precisa o
serviço", diz Cabeto.
Entre as metas está a de
melhorar a efetividade e o acesso ao sistema de Saúde, além de melhorar a
qualidade do atendimento e a interiorização de equipamentos. "O desafio é
conseguir aumentar o desempenho nas regiões de Saúde e a equidade, porque
existem diferenças entre as cinco regiões do Ceará quanto à quantidade de
investimento e ao desempenho social", afirma o secretário. Segundo ele, a
qualificação profissional também deve ser prioritária na área.
Dentre os prazos elencados
pelo secretário, está a aprovação da Autoridade de Regulação da Qualidade da
Saúde ainda em 2019, a implementação de um novo sistema de ouvidoria para o
sistema de Saúde do Estado, em parceria com o Governo Federal, em fevereiro de
2020, e a finalização do dimensionamento das cinco regiões de Saúde do Estado,
para determinar as demandas de cada território, para março do ano que vem.
Crescimento
Em ano de 'pé no freio', com
diversos contingenciamentos, o balanço ao fim de 2019 é positivo, afirma Élcio
Batista. "A gente percebe os resultados, como foram muito melhores do que
em 2018", afirma. Além disso, o crescimento econômico do Estado tem se
mantido em uma média maior do que a nacional. Inclusive, com o crescimento do
PIB estadual no último trimestre.
Segundo o secretário de
Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, o Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará trabalha "com um prognóstico que a economia
do Ceará deve crescer em torno de 1,34% ou 1,35%". O crescimento do PIB
nacional deve ficar em 0,8%.
Contudo, para ser possível
avançar nas políticas prioritárias para o Governo em 2020, o equilíbrio fiscal
é fundamental. "A gente precisa fazer um esforço de, ao mesmo tempo,
melhorar a receita e mostrar que os recursos que têm chegado ao Estado por meio
de tributos, tem voltado à população com melhores serviços públicos",
explica.
Além disso, o objetivo é
tornar "o Ceará a melhor ambiência de negócios", enfatiza Maia
Júnior. Ele destaca a Plataforma de Desenvolvimento Econômico como instrumento
para atingir esta meta. "É uma plataforma que traz transparência, que traz
segurança jurídica, que tem facilitações de intermediações dentro da ética
pública, em respeito ao dinheiro público", detalha o secretário. "Não
tem investimento público sem uma base fiscal forte, bem direcionada, austera,
que é o que nós estamos procurando fazer", completa o gestor.
Discurso
de cautela quanto a emendas impositivas
Tem crescido entre deputados
estaduais a discussão a respeito de tornar impositiva a execução das emendas
individuais dos parlamentares da Assembleia Legislativa ao Orçamento do Estado,
a exemplo do que já ocorre com emendas no Congresso Nacional. A discussão
ocorre em torno de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do
deputado Audic Mota (PSB), que prevê a obrigatoriedade.
Apesar disso, o principal
responsável pela interlocução entre Governo do Estado e deputados estaduais, o
assessor de Relações Institucionais, Nelson Martins, defende que não é o
momento para esta discussão.
“Não vejo necessidade, nesse
momento, de se estabelecer Orçamento impositivo, até porque a relação entre
Legislativo e Governo é a melhor possível”, aponta.
Ele reforça ainda que o
Orçamento do Estado é comprometido com despesas fixas e que, por isso, estaria
“totalmente engessado” para serem alocadas emendas impositivas. “Quando você
vai olhar ao fim, não sobra mais nenhum percentual para indexar, se não vai
passar do valor total do Orçamento”, afirma.
A iniciativa, que data de
2015, já obteve o apoio de mais de 30 deputados. “É um instrumento do
Legislativo para que se melhore a execução orçamentária do Estado e aumente o
atendimento às demandas da população por meio das indicações dos
parlamentares”, sustenta Audic Mota. A matéria, segundo ele, propõe que 0,9% da
receita líquida do Estado seja destinada ao atendimento das demandas.
Diário
do Nordeste
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