Tragédia em Milagres - ataque a bancos foi planejado no presídio de Juazeiro do Norte
Mumbai
Ahmedabad
A
quadrilha foi interceptada por policiais militares. Doze pessoas foram mortas. –
Foto: Antônio Rodrigues/SVM
A dica para o ataque aos dois
bancos localizados em Milagres partiu de um presídio em Juazeiro do Norte. Os
homens naturais do Cariri tiveram a ideia no cárcere semanas antes e repassaram
a informação dos "dois coelhos de uma só tacada" para os comparsas
soltos. Na pequena Milagres, de uma só vez, se teria Banco do Brasil e Bradesco
no melhor momento: cofres cheios para pagamentos. No entanto, o plano seria
frustrado pois o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) de Sergipe
avisaria ao Ceará às 8h da manhã de 6 de dezembro do ataque que ocorreria na
cidade.
A quadrilha caririense que
poderia fazer o roubo estava desarticulada, com a parte de
"inteligência" do banco presa havia alguns meses. "A saída foi
repassar para colegas de Alagoas e Sergipe que também se encontravam presos,
mas com muitos outros 'amigos' soltos e que poderiam fazer o serviço",
disse uma fonte (identidade preservada), a partir de conversas entre presos em
Juazeiro do Norte.
Do lado de fora, um homem
conhecido apenas como "Fernando", morador de Milagres, seria um dos
principais idealizadores do ataque. Não participante ativo de facções, é um
"acima de qualquer suspeita". O ataque em Abaré, na Bahia, no início
do mês de novembro, seria o último antes da empreitada no Ceará. Baseados numa
casa, ao lado de um bar no município Barro, cerca de 12 homens se organizavam
com pelo menos cinco dias de antecedência em meio a armas e explosivos. A
Polícia prendeu o proprietário da casa que deu suporte à quadrilha, e contou
detalhes do planejamento. Disse quase tudo.
"Prisões naquela área
foram decisivas para perceber toda a operação da quadrilha, mas o elo dessas
pessoas de Milagres com a quadrilha de integrantes sergipanos e alagoanos não
ficou muito clara ainda", afirma um investigador da Polícia Civil, que não
confirma o nome de "Fernando" por faltar maiores avanços nessa parte
da investigação. "Infelizmente, essa parte sobre a origem da ação dessa
quadrilha não avançou muito. Do que sabemos, há uma dificuldade ainda em
documentar".
Questionado pela reportagem
sobre informação obtida a partir de fontes do presídio de Juazeiro, o policial
confirma que uma das linhas de investigação aponta para alguém de Milagres que
teria auxiliado no planejamento. Está solto. Há relatos no cárcere de que, se
preso for, não será bem recebido pelos presos da quadrilha que teve membros
mortos. "Ficou um sentimento de traição", disse um detento.
Diário
do Nordeste
Tags:
Cariri
