Profissionais da educação pública estão preocupados com as condições de retorno presencial
Os
profissionais da educação pública do Ceará foram "pegos de surpresa"
pelo Decreto nº 34.043, de 24 de abril, que autoriza o retorno presencial do
ensino fundamental com 40% de capacidade para escolas privadas e públicas.
"Nós acreditávamos que seria um novo faseamento (de reabertura)",
explica a presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Ceará
(Undime-CE), Luiza Aurélia Teixeira.
De acordo
com ela, a expansão da autorização para todo o ensino fundamental, com
ampliação do limite de capacidade, exige articulação antecipada com os
municípios e com o secretário de Saúde do Ceará, dr. Cabeto. "A maioria
dos secretários tem receio de retornar, porque a educação mobiliza muitas
pessoas", reforça. Por dia, calcula, podem se deslocar cerca de três mil
pessoas em função do funcionamento das escolas, entre pais, alunos, professores
e demais funcionários.
A presidente
relembra que o decreto estadual é autorizativo, não obrigatório. Por isso, essa
semana deve ser de avaliação, junto aos municípios, para entender onde e de que
forma se dará o retorno seguro. "Considerando também o socioemocional de
alunos e professores, com diálogo com os sindicatos", afirma Luiza
Aurélia.
Em nota
publicada nas redes sociais, a Federação dos Trabalhadores no Serviço
Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) pediu para o governador Camilo
Santana (PT) revogar o decreto - repudiado pela federação. "Não houve
nenhum investimento nas escolas públicas municipais que garantam uma estrutura
de segurança sanitária e o ritmo das vacinações em todo o País segue de forma
lenta", justifica a entidade.
A
Fetamce também pede que o Governo do Ceará mantenha a garantia do recebimento
de cesta de alimentação escolar, além da entrega dos tablets e internet para os
estudantes e professores, a fim de manter o modelo remoto de ensino de maneira
minimamente acessível. Eles também reforçam a importância do auxílio
emergencial de R$600, como o de 2020, e pedem vacinação em massa.
Igualmente,
o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute) defende que
sem a vacinação não é possível retornar às aulas presenciais. "Enquanto isso
não acontece, precisamos continuar em segurança, oferecendo ensino remoto e
ajudando pais e estudantes", escreveu a presidente do Sindiute, Ana
Cristina Guilherme, em artigo publicado no dia 21 de abril no O POVO Mais.
Já
a Associação de Pais e Alunos da Escola Pública no Ceará (Apaespu-CE)
destaca que é obrigação do Estado preparar as escolas para receber os alunos. O
presidente da associação, Eliu Bento, afirma que o retorno às aulas presenciais
é recebido com "grande prazer" pelos pais e que o ensino remoto não é
eficaz. Segundo ele, as comunidades não têm recebido tablets ou chips, como
prometido pelo governo, e o conteúdo das cestas básicas é insuficiente. Mesmo
assim, o presidente da Apaespu-CE reforça que as prioridades da vacinação
deveriam ser saúde e educação.
"O que
nos amedronta é saber se o nossos sistema público vai poder receber essa
demanda", comenta a presidente da Undime-CE. A taxa de ocupação de leitos
de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Ceará está em 92,78%, segundo
dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa),
atualizados às 20h4min de ontem, 25.
O Povo
