Aldemir Martins faria 103 anos: o aurorense que transformou o Nordeste em arte
Foto: Reprodução
Em 8 de novembro, o Ceará lembra o nascimento de Aldemir Martins, um dos artistas plásticos mais singulares do país. Natural de Aurora, no Cariri, ele construiu uma trajetória marcada pela ousadia e por um traço que deu nova forma à identidade nordestina nas artes visuais.
Ao longo da vida, produziu mais de sete mil obras, transitando com liberdade entre desenhos, pinturas, esculturas, cerâmicas e ilustrações. Sua arte, reconhecível à distância, é povoada por galos altivos, cangaceiros, gatos, flores e frutas — símbolos que traduzem a força e a delicadeza da cultura popular.
Aldemir levou seus traços muito além das galerias. Criou aberturas de telenovelas como Gabriela (1975) e Terras do Sem Fim (1981) e estampou sua assinatura em embalagens, latas de tinta e até sorvetes. Dizia que arte não deveria se esconder — e lembrava, em tom provocador, que até a Capela Sistina foi feita por encomenda.
O reconhecimento internacional veio cedo. Em 1956, conquistou o Prêmio de Desenho da Bienal de Veneza, um marco que colocou o desenho brasileiro sob os holofotes mundiais. Mesmo com temporadas de estudo na Europa, nunca abandonou o orgulho das origens:
> “Poderia ter me tornado outro artista quando estudei em Roma, mas quis ser eu mesmo — feliz e orgulhoso de minhas raízes e do meu Nordeste imaginado.”
Em 2022, quando completou cem anos de nascimento, sua obra inspirou o projeto gráfico do Anuário 2022-2023, reafirmando a atualidade de sua estética e a permanência de seu olhar sobre o Brasil.
Mais de um século depois, o legado de Aldemir Martins continua vivo — um retrato colorido do Nordeste que ele transformou em poesia visual.
