Governo do Ceará decide demitir por deserção 42 militares envolvidos em motim
Os 42 militares são considerados afastados
desde 21 de fevereiro de 2020, e sofrerão perda da remuneração. - Foto: Redes sociais
No mesmo dia em que foi
aprovada Emenda Constitucional que proíbe a anistia a policiais militares
envolvidos em motins e paralisações, o Governo do Estado decidiu demitir 42
agentes envolvidos nas movimentações ocorridas nos últimos dias.
Todos os nomes apontados no
Diário Oficial do Estado desta terça-feira (3) já estavam listados entre os
outros 230 policiais afastados por 120 dias durante as investigações do motim
da categoria.
Conforme a publicação, os 42
militares são considerados afastados desde 21 de fevereiro de 2020, e sofrerão
perda da remuneração desde então.
Alteração
na lei
A nova proposta altera o artigo
176 da Constituição estadual. Ela foi votada em primeira e segunda instâncias
e, em seguida, foi promulgada pela Mesa Diretora. Eram necessários, pelo menos,
28 votos favoráveis em cada sessão. Na primeira delas, 34 deputados se
colocaram a favor e dois contra. Houve uma abstenção. O resultado foi replicado
no segundo turno.
A medida foi a plenário após
ser aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia
Legislativa ainda na segunda-feira (2).
Os dois votos contra a PEC
foram dos deputados Delegado Cavalcante (PSL) e Soldado Noelio (Pros).
Aprovação
aguardada
A maioria do Governo na Casa
garantiu a aprovação da matéria, mas a expectativa inicial, tanto de
governistas como dos membros da oposição, era de que a PEC fosse mesmo
aprovada.
Opositores, inclusive, já se
articulavam desde cedo para encontrar outras alternativas que conseguissem
derrubar a proibição à anistia administrativa.
“Nós já estamos estudando uma
maneira de entrar (na Justiça) com uma ação de inconstitucionalidade”, afirmou
Delegado Cavalcante (PSL), o único deputado a votar contra a aprovação da PEC
do Governo ainda na CCJ – com sete votos a favor no total.
Reivindicação
prioritária
A anistia foi o ponto mais
reivindicado pelos policiais que se mantiveram amotinados no Ceará ao longo de
13 dias.
Na noite deste domingo (1º),
eles estiveram reunidos com seus representantes no 18º Batalhão e decidiram dar
um ponto final ao movimento de paralisação.
Os agentes aceitaram a
proposta definida pela comissão especial formada por membros dos três poderes
estaduais e por representantes dos PMs.
A
proposta feita pela comissão inclui os seguintes termos:
Os policiais militares
contarão com o apoio de instituições extragovernamentais, como Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Defensoria Pública e Exército;
Os agentes terão direito a um
processo legal sem perseguição, com amplo direito a defesa e contraditório, e
acompanhamento das instituições de apoio;
O governo do Ceará não vai
transferir policiais para o interior do estado em um prazo de 60 dias, contados
a partir do fim do motim;Revisão de todos os processos adotados contra
policiais militares durante a paralisação;
Garantia de investimento de R$
495 milhões com o salário de policiais até 2022;
Desocupação de todos os
batalhões onde havia policiais amotinados até 23h59 deste domingo;
Os policiais militares devem
retornar ao trabalho às 8h desta segunda-feira, dia 2 de março.
PMs
soltos
Nesta segunda-feira (2), menos
de 24 horas após o Governo do Ceará e o grupo de policiais militares firmarem
acordo pelo fim da paralisação, a Vara da Auditoria Militar determinou que 46
PMs fossem soltos.
Os militares estavam presos
pelo crime de deserção (por não terem se apresentado para trabalhar na Operação
Carnaval). Outros três PMs capturados em flagrante furando pneus e que foram
autuados por motim permanecem presos.
Embates
eleitorais
Durante a votação da PEC que
proíbe anistia a PMs envolvidos em motins ou greves, na CCJ, deputados da base
e oposição trocaram acusações sobre a motivação eleitoral dos motins. “Alguns
grupos se amotinaram por terem sido levados por quem faz uso político”,
declarou Queiroz Filho (PDT), afirmando que a oposição tinha motivações
partidárias para votar contra a PEC no colegiado.
Negação
Único integrante da oposição
na CCJ, na segunda, o deputado Delegado Cavalcante (PSL) ressaltou que “jamais
colocaria política partidário em algo tão sério”. “Infelizmente, aqui são todos
partidários do Governo e estão legislando em algo inconstitucional, e eu tenho
quase certeza de que será aprovada (em plenário)”, rebateu.
Diário do Nordeste
Postar um comentário